No Velho
Testamento, ao escolher uma das tribos descendentes de Jacó, a de Levi, na
visão de Deus era no sentido de que os levitas não tivessem herança na terra,
senão as cidades em que habitassem (Js 14:4). Muitas vezes eles exerciam o
papel de juiz, logo tinham que ser
imparciais (I Cr 23:4), quando isso
não foi obedecido o povo entrou em decadência, Ne 13:10-12.
O que mais
caracteriza um juiz é sua imparcialidade. Pelas leis brasileiras, um juiz para
candidatar-se a algum cargo político-partidário tem que primeiro renunciar à
magistratura. Isto não significa pedir licença temporária, mas deixar de ser
juiz, este é um princípio sábio, pois do contrário, a sua imparcialidade
estaria comprometida.
Um padres ou pastor na
sua igreja local é o fiel da balança; deve
ser imparcial. Na sua comunidade eclesiástica, um pastor é muitas das vezes, um juiz de fato.
Entendo que os discípulos
de Jesus devam ter
as suas atuações
político-partidárias. Esse é um papel precípuo daquele que
não exerce cargo
de liderança pastoral.
O pastor e o padre podem e devem orientar os seus liderados sobre
o perfil de um
candidato , no que
se refere ao caráter , se governa bem a
sua casa, seus negócios, se tem vocação para a vida pública, se é comprometido
com a justiça e a verdade, condições essenciais para o cargo
pleiteado. É muito importante ,
também , que orientem o povo
no exercício da cidadania ,
no tocante aos seus deveres e direitos.
Os pastores cristãos podem ter um papel profético na história
do nosso país ,
orando e aconselhando os nossos líderes políticos, quando procurados por estes. Só aqueles que têm imparcialidade têm autoridade
espiritual para
confrontar os reis
e os poderosos .
Certa vez , estando em
contado com um
determinado irmão ,
pastor de uma grande
igreja
em Brasília , ele disse-me que
tinha sido convidado
para concorrer
a um cargo de
Senador pelo Distrito Federal ,
mas sabiamente respondeu que não poderia porque já tinha sido
eleito para outro
cargo , o de Ministro do Evangelho .
Sei que ele
tem orado e aconselhado vários políticos e, com
isso , sido fiel
para com a sua vocação pastoral .
Na prática ,
todos os líderes
que conheci e conheço, que se aventuraram a uma candidatura
de um cargo
político-eleitoral, tiveram os seus ministérios
anulados ou seriamente comprometidos.
Quanto aos que
foram eleitos, desconheço que se tornaram
um expoente
político da nação .
Entendo que
somente aqueles
que não
são vocacionados trocam o seu ministério pastoral por um cargo
político-partidário, temporário.
Na nossa cultura quem melhor
representa a igreja é o clero , um líder religioso, filiando-se a um
partido ele
está automaticamente vinculando a respectiva
congregação que
ele lidera a esse
partido , mas
a igreja como
instituição , é suprapartidária .
Esta é mais uma das razões
que um padre ou pastor não deve
ser filiado a um
determinado partido
político .
Nesta matéria , parece-me que ,
aqui no Brasil, a Igreja
Católica tem sido mais
sábia que
a Evangélica , pois
oficialmente não
recomenda que seus
clérigos se candidatem a cargos político-Eleitorais. A sua
forma de influir no Congresso Nacional
e na sociedade é por
meio de entidades
e políticos de sua
confiança . Com
isso , tem sido mais
eficaz em
suas ações ,
evitando, por conseguinte ,
desgastes que
inexoravelmente viriam se tivesse candidatos
oficiais nas eleições .
Ao
aproximar-se de mais um pleito eleitoral , seria bom
que os nossos
líderes cristãos procurassem entender melhor e aplicar esse princípio de um Estado Laico (Estado
separado da religião ), que sabiamente o nosso
Deus já
consignou há milhares de anos atrás , por meio de vocações diferenciadas. Tenha cuidado
irmão , de não
colocar uma “pá de cal ” no
ministério do seu
pastor ou padre, ao votar no mesmo ,
neste próximo pleito
eleitoral .
* Manoel Soares Cutrim Filho, cristão, patriota, conservador, graduado em direito pela UNB, militou
como advogado por mais de vinte e cinco anos. Ex-Auditor Federal de Controle Externo do
TCU.
Colaboração: Eliane
Soares de Resende, Igreja de Cristo da Fama, Goiânia – GO, professora de linguística,
com mestrado pela UNB.