14/11/2014
às 21:44 \ Pensando
bem...
No final de sua
vida, o jornalista Paulo Francis foi atormentado por um processo judicial.
Francis havia dito no programa “Manhattan Connection” que “os diretores
da Petrobras todos têm conta na Suíça.”
O então presidente
da Petrobras, Joel Rennó, resolveu mover-lhe um processo nos EUA, usando,
claro, advogados pagos pela empresa. E como tudo na Petrobras sempre tendeu ao
superfaturamento, a estatal pediu logo 100 milhões de dólares de
indenização, um dinheiro que Francis nunca teve nem jamais teria.
Atordoado pelo
‘assédio jurídico’, Francis perdeu o sono e, coincidência ou não, acabou tendo
um ataque cardíaco que o matou em fevereiro de 1997.
Há vasta literatura
contra e a favor da tese de que o processo foi o fator determinante para sua
morte, mas pelo menos uma coisa já pode ser pacificada: as descobertas da
operação Lava Jato e os mandados de prisão executados nesta sexta-feira mostram
que Francis pôs o dedo na ferida certa.
De lá pra cá, a
corrupção na Petrobras passou de endêmica a epidêmica, mas a empresa continua
vivendo das boas graças do contribuinte brasileiro — não se esqueça, é o
“orgulho nacional” — enquanto é usada para servir a interesses políticos e
particulares.
Paulo Francis não
está vivo para ver as entranhas da Petrobras expostas à sociedade, mas a
sociedade já deveria estar madura o suficiente para discutir se as empresas
estatais deveriam ser as vacas sagradas que ainda são — enquanto o contribuinte
é a vaquinha de presépio da maior estatal de todas, a Roubobrás.
Com agradecimentos à GNT, a coluna dá a palavra a Paulo Francis, in memoriam.
Vejam um vídeo de 2'31", de uma entrevista dada por Paulo Francis em 1996, onde ele, de forma magistral, descreve a realidade do que já acontecia e do que a mídia tem trazido, na ordem do dia, ao longo do anod de 2014, sobre a Petrobras.