Vocês sabem que as ELEIÇÕES MUNICIPAIS são as mais importantes
do país? Acompanhe o nosso raciocínio
no desenvolver deste artigo.
A palavra
Política vem do grego
e significa “administrar a cidade”,
a “polis”. Hoje, o significado
evoluiu para diversas áreas
de atividades da vida
humana: administrar
um condomínio,
uma empresa, uma entidade
de classe, igreja,
partido político,
o Município, o Estado,
o País etc. [1] Onde quer que
estejamos, cometemos ou sofremos uma Ação Política.
Lembremos a frase de Bertold Brech:
“O pior
analfabeto é o analfabeto
político. Ele
não ouve, não
fala nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão,
do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato
e do remédio depende das decisões
políticas. O analfabeto
político é tão
ignorante que
se orgulha e estufa
o peito dizendo que
odeia a política. Não
sabe essa pessoa que
da sua ignorância
política nasce a prostituta,
o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos
os bandidos, que
é o político vigarista,
pilantra, o corrupto
e o lacaio das empresas
nacionais e multinacionais”.
O eleitor
esclarecido não
vota somente nos candidatos que parecem ter maior chance de
ganhar. Primeiro, porque o voto
deve visar os programas
defendidos pelo candidato
e/ou partidos.
Segundo, porque
as pesquisas de intenção
de voto podem estar
erradas ou serem tendenciosas. Um candidato não eleito, mas
que teve considerável
número de votos
pode ser fortalecido
para os próximos
pleitos.
Uma das razões
por que o voto não deve ser negociado é seu caráter de instrumento democrático
que leva
às mudanças e às conquistas necessárias.
Quem vende o seu voto não tem mais o direito
de cobrar uma postura
justa ou
coerente daquele político
que ajudou a eleger,
pois, este já pagou pelo voto recebido. “O voto não tem preço,
tem consequências.”
Uma motivação correta é apoiar determinado candidato
pelo que ele é como pessoa, seu caráter, competência,
vocação para
a vida pública,
comprometimento com a justiça, a verdade e o bem comum. Pela sua capacidade administrativa,
pela elaboração
e defesa de leis
justas, bem como pela intenção de fiscalizar a boa
aplicação dos recursos públicos, e não
por aquilo
que ele
pode fazer apenas
“por mim, por
meus parentes
ou por
determinado grupo
que represento”. [2]
Estar ao lado
do governo, sem
questionar o caráter
dos governantes ou
o resultado de suas
ações, exerce fascínio
em parte
das lideranças cristãs, comunitárias ou
classistas, com honrosas exceções. [3]
Torna-se venal o líder cristão,
comunitário ou
classista que permuta
apoio político
por benefícios:
material de construção,
terrenos para
templos, empregos
para parentes
ou membros
da comunidade que
dirige, etc. Quem assim
procede, em especial
o líder religioso, nunca
poderá ter atitude
profética (postura contra
toda a forma
de iniquidade e a tudo que vai contra Palavra
de Deus). “Não devam nada a ninguém,
a não ser o amor de uns pelos
outros...” (Rm 13.8a).
No nosso
entender, um
líder eclesiástico não deve fazer campanha para este ou aquele candidato,
este ou
aquele partido,
mas ensinar qual é o perfil
de um bom
aspirante a um
cargo eletivo,
segundo os princípios
estabelecidos na Bíblia. O ideal seria que este aspirante fosse uma pessoa que
tivesse Deus no coração. Não sendo,
podemos votar naqueles que
têm um histórico
de coerência em sua conduta,
voltada para os interesses
da sociedade que
se propões a representar ou
governar.
Um líder
cristão sábio não
deveria participar de campanhas
eleitorais em
favor de candidatos
ou partidos,
porque se assim
proceder, perde a sua
imparcialidade, onde
está, em grande parte, a sua autoridade,
a não ser para
esclarecer que candidatos e partidos de
influência marxista, colidem com a cultura judaico-cristã, da qual somos herdeiros, a
saber: o respeito ao livre arbítrio (liberdade consciência, de religião, de imprensa,
direito à liberdade de ir e vir e do livre empreendedorismo); da proteção à
vida, desde a concepção; da defesa dos valores da família, que a mesma é
constituída por homem + mulher + filhos, exceto no caso de viuvez e divórcio; e
a defesa da propriedade. [4]
Os partidos
políticos são
transitórios, todavia,
a Igreja do Senhor
Jesus estará aqui
até que
Ele volte. Qualquer
alinhamento de uma congregação
a determinado candidato,
partido ou
ideologia, por
razões meramente
eleitorais, sempre
o preço é alto.
Sábia é a afirmação de Ben Wong, pastor chinês, da liderança
mundial do Ministério Igreja em Células: “É certo
que cristãos
como indivíduos
participem da política, mas não a Igreja como instituição. A igreja
pode e deve exercer influência,
mas sem
forçar a nada.
Jesus sempre
exerceu boa influência, mas
não forçava ninguém
a nada. A Igreja
não deve impor
convicções políticas.”
[5]
Ao aproximar-se das eleições Municipais, lembremo-nos que estas são
as mais importantes
eleições do país,
por duas razões
bem simples:
1- Iremos eleger
Prefeitos e Vereadores, os primeiros administrarão as cidades onde
moramos, isso quer
dizer: a água,
esgoto, educação
fundamental, hospitais,
postos de saúde,
limpeza pública,
trânsito, ruas,
estradas urbanas e rurais,
transporte coletivo,
segurança pública em conjunto
com o estado,
etc. e os vereadores, farão as leis para essas cidades, bem como fiscalizarão a aplicação
dos recursos que
os prefeitos utilizarão na execução das obras
e serviços das cidades
que eles
governarão.
2- Os Prefeitos
e Vereadores eleitos servirão de base (palanques)
para as eleições
de Deputados Estaduais, Federais, Governadores,
Senadores e Presidente
da República.
Após as eleições,
cabe ao eleitor acompanhar
os mandatos dos candidatos
eleitos, conferindo se os mesmos estão
sendo coerentes com
as suas propostas
de campanha e com
a dignidade do cargo,
apoiando ou repudiando os seus atos, de forma efetiva e pelos canais apropriados.
Manoel Soares
Cutrim
Filho, Graduado em Direito, pela UNB, advogou por mais de 25 anos, Auditor
Federal de Controle
Externo do TCU – aposentado, cristão, patriota e conservador.
E-mail: cutrim@terra.com.br
[1] Manoel
Soares Cutrim
Filho, Eleições, Um Momento de Reflexão,
O Mensageiro, julho-agosto/1994.
[2] Paul Freston,
Fé Bíblica e Crise
Brasileira, ABU Editora,
1992, 1ª Edição, p. 57.
[3]
Op. cit., ABU Editora, 1992, 1ª Edição,
pp. 61 e 62.
[4] Decálogo do Voto
Ético, da Associação
Evangélica Brasileira
– AEVB, item III.