18/09/2014
às 18:35 \ Economia, Socialismo
O
Congresso argentino aprovou, nesta
madrugada, a reforma da Lei de Abastecimento, rejeitada
fortemente pela oposição e pelo setor produtivo por considerar que aumenta o
controle do Estado sobre a atividade empresarial. O projeto de lei, que já
havia passado pelo Senado, foi aprovado pela Câmara dos Deputados, por
130 a favor e 105 contra.
A
lei permite a fixação de limites de preços e de lucro de empresas,
além do controle de cotas de produção, que ficará a cargo da Secretaria de
Comércio do Ministério da Economia. O projeto ainda compreende a
aplicação de multas, fechamento de empresas por até 90 dias e suspensão de
registro por até cinco anos. A medida, portanto, aumenta ainda mais o poder de
intervenção da presidente Cristina Kirchner na frágil economia argentina.
Adeus, livre mercado! Cuba vem aí…
Adeus, livre mercado! Cuba vem aí…
A deputada Diana Conti, da coalizão governista Frente para a Vitória, disse durante a maratona de debates que a nova lei “ajudaria a garantir que o Executivo tenha os instrumentos necessários para proteger consumidores”. Defensores dizem que a medida também buscará conter as demissões em tempos de crise.
Proteger consumidores? Uma piada de mau gosto. A melhor proteção que
existe para consumidores está no funcionamento do
livre mercado, com ampla
concorrência do lado dos produtores e empregadores. Delegar tanto poder ao
estado jamais protegeu consumidores ou quem quer que seja, à exceção dos
próprios governantes e burocratas.
Aquilo que já era ruim ficou ainda pior. O grau de intervenção estatal
na economia aumentará ainda mais agora, com essa prerrogativa esdrúxula. Se
capitalismo é, na essência, os meios de produção em mãos privadas, e o
socialismo é o controle estatal deles, então a Argentina já está sob um regime
socialista na prática.
Manter a propriedade privada de jure serve
apenas para preservar as aparências. Quando quem controla as decisões mais
relevantes de uma empresa, como preço e produção, é o governo, então a
propriedade de facto está nas mãos
estatais, foi abolida.
Paradoxalmente para aqueles que ignoram que o nazismo foi mais afeito ao
modelo socialista do que ao capitalismo liberal, esse era exatamente o método
adotado pelos seguidores de Hitler. O Führer apontava dirigentes dentro
das empresas, determinava o que produziriam e por quanto ou para quem
venderiam. Por que socializar os meios de produção, se ele havia socializado os
homens?
A Argentina caminha rapidamente rumo ao desastre socialista, como a
Venezuela. Não custa lembrar que teve vários entusiastas por aqui, em nossa
esquerda. Fico perplexo ao pensar que empresário ainda permanece lá, mantendo
alguma chama de esperança de que poderá reverter tal curso. Dizem que a
esperança é mesmo a última que morre. Sem dúvida ela morre depois do bom senso
e do realismo…
Rodrigo
Constantino
Fonte:
http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/economia/agora-e-oficial-argentina-ja-esta-sob-regime-socialista/