25/06/2014
10h32 - Atualizado em 25/06/2014 10h32
Meriam Ibrahim, que teve pena capital por abandonar
o islã perdoada, foi impedida de embarcar do Sudão para os EUA na terça-feira.
A embaixada do
Sudão do Sul em Cartum disse que os documentos de viagem são verdadeiros. O
marido dela, Daniel Wani, é cristão de origem do Sudão do Sul e cidadão
americano.
Meriam, de 27
anos, foi condenada à morte em maio por abandonar a religião islâmica, uma
decisão que causou indignação internacional.
Durante o tempo
que passou na prisão, Meriam deu à luz uma menina. Na ocasião, autoridades do
Judiciário disseram que ela poderia cuidar de sua filha por dois anos antes do
cumprimento da sentença.
Os EUA disseram
estar trabalhando para a libertação de Mariam.
O advogado de
Meriam, Elsherif Ali, disse à BBC que a Autoridade Nacional de Segurança e
Inteligência do Sudão havia apresentado uma denúncia contra Meriam por
falsificação de documentos.
Segundo ele,
ela estaria detida em uma delegacia de Cartum.
Acredita-se que
marido e os dois filhos estejam na Embaixada, informou o correspondente da BBC
Mohamed Osman, em Cartum. Eles haviam sido detidos no aeroporto com Meriam, mas
foram liberados.
Com a agência
de inteligência do Sudão envolvida no caso, uma solução deverá ser mais difícil
e complicada, disse o correspondente da BBC.
'Repressão'
Mais cedo, uma autoridade do Ministério de Relações Exteriores sudanês disse que Meriam era sudanesa e que não deveria usar um documento de viagem emitido por outro país, com um visto americano.
Mais cedo, uma autoridade do Ministério de Relações Exteriores sudanês disse que Meriam era sudanesa e que não deveria usar um documento de viagem emitido por outro país, com um visto americano.
"Ela
chegou ao aeroporto em um carro da Embaixada americana - que era blindado e com
segurança reforçada. Há algo suspeito em chegar em um carro estrangeiro - não é
normal aparecer em um carro blindado e com segurança da Embaixada dos
EUA", disse Abdullahi Alzareg à BBC.
"Todos
sabem que ela é sudanesa. Nós sabemos que ela é sudanesa... imagine um cidadão
britânico tentando viajar aparecendo no aeroporto portando um documento de
emergência da Costa Rica. Esta é uma violação das leis de migração em qualquer lugar
no mundo", disse ele.
Segundo ele,
será exigido que Meriam solicite um passaporte e um visto de saída para sua
libertação.
Grupos de
direitos humanos acusam o governo sudanês de repressão.
A maioria da
população do Sudão é muçulmana, e a lei islâmica está em vigor no país desde os
anos 1980.
Meriam foi
criada como cristã ortodoxa, mas um juiz decretou que ela deveria ser
considerada muçulmana, religião de seu pai.
Ela se recusou
a renunciar ao cristianismo e foi condenada à morte por apostasia - abandono da
religião.
Seu casamento
em 2011 com Wani foi anulado. Ela também foi condenada a cem chibatadas por
adultério, já que a união não é considerada válida sob a lei islâmica.