segunda-feira, 19 de maio de 2014

Domingo, o Dia do Senhor! Artigo Completo


Introdução
Nesta reflexão não iremos dar ênfase ao porquê guardamos o domingo, porém, a importância de guardá-lo, não como uma obrigação, mas por bom senso.
Somos salvos pela graça, mediante a , e não por obras (Ef 2.8-9). Após a salvação, somos levados a ter uma vida de obediência à Palavra do Senhor, por fidelidade e amor a Ele. Não precisamos guardar o domingo para herdarmos a vida eterna, mas por fidelidade, amor e respeito ao Criador, como o princípio de termos um dia de descanso para os nossos corpos e nossas emoções.
Respeitamos quem entende que não deva guardar o domingo como um dia específico para descanso, entendemos, entretanto que o mais importante é ter um dia de descanso. “Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus”. (Rm 16.6)
Na história do povo hebreu, a observância ou inobservância do sábado, estava muito associada aos períodos de paz e prosperidade ou declínio da nação, respectivamente. (Ne 2. 11-13). A princípio isso é fácil de entender. A não observância de um dia de descanso traz uma série de consequências negativas, para o corpo a alma e o espírito.       Esta frase a seguir é muito oportuna para o que estamos dizendo:
Quão longe desviamo-nos da linha reta dos mandamentos de Deus! Percebe-se tão pouco do temor Deus na utilização do domingo. Quantas pessoas vivem e trabalham hoje voltados para o ‘fim de semana’, em que querem aproveitar a vida. O domingo transformou-se no dia do divertimento, do esporte e dos prazeres da carne. O Diabo tomou posse do domingo e utiliza-o para arruinar as almas dos homens!”  [1]

I- A Origem do Dia do Senhor

“Domingo vem de dois vocábulos latinosdies dominicusque querem dizerdia do Senhor’, isto é, o dia em que o Senhor Jesus Cristo ressuscitou, triunfando da morte. Desde a ressurreição de Cristo, os cristãos guardam o primeiro dia da semana”.[2]
O Dia do Senhor (domingo) se originou no Novo Testamento, mas tem suas raízes no Shabbat do Antigo Testamento que significa descanso.         
2. Como o cristão deveria guardar o domingo?
Para nós, cristãos regenerados, todos os dias são santificados, pois foram criados pelo nosso Criador, mas o domingo deve ser um dia especial de descanso, quando poderemos refletir sobre a nossa caminhada na terra, com destino ao céu.[3] Afinal de contas somos peregrinos aqui.
“A guarda de um dia em sete baseia-se em leis da natureza humana. A constituição do homem requer esse descanso justamente como Deus o instituiu.
Existe, entretanto, uma ideia errônea generalizada a respeito do domingo: que é ele apenas um dia de descanso... Falemos, porém, dos crentes evangélicos. ... Se deixam o serviço cotidiano de sua profissão não hesitam, entretanto, em fazer trabalhos de outra natureza e transações comerciais que julgam de pouca ou nenhuma importância, mas que são suficientes para revelar a sua falta de compreensão, sua pobreza espiritual em face do mandamento: ‘lembra-te de santificar o dia de sábado (descanso), Ex 20.8. Não é raro, infelizmente, verem-se membro de igreja viajar, fazer compras, cortar cabelo ... aos domingos.
A dona de casa deve ver na véspera o que falta na sua casa, para não andar ou não fazer que alguém ande ... pelas vendas a comprar no domingo.
Guardar o domingo não é apenas cessar as atividades profissionais. O verdadeiro crente aproveita-o para santificar-se, elevando o nível de sua espiritualidade, por diversos meios...
Abster-se de passeios, diversões, enfim, de tudo aquilo que desvie a atenção da santificação da alma”.[4]
Guardar um dia especial de reflexão em relação aos outros seis está ficando cada vez mais difícil em uma sociedade secularizada, que explora o domingo como o melhor dia para fazer compras e ocupar-se com atividades de lazer, mas nós, cristãos nascidos de novo, podemos pedir a Deus que nos disciplina para fazer várias das atividades que concorrem com o domingo, na véspera, evitando inclusive, o ativismo religioso, de forma que fique este dia exclusivamente para o descanso e reflexão sobre as coisas do alto.[5]
3. A preocupação em guardar o domingo não é de cristãos evangélicos
“O primeiro dia da semana não é feriado. É o dia do Senhor, que recorda a ressurreição de Jesus”. Esta preocupação foi manifesta numa reunião de bispos, padres e diáconos da Arquidiocese de Florianópolis. No documento, resultante dessa reunião, os clérigos pedem que os fiéis não comprem aos domingos em shopping centers, supermercados e lojas. “No feriado cada um faz o que quer, e no domingo, deve-se fazer o que Deus quer”. Diz ainda o texto que o primeiro dia da semana deve promover o convívio familiar, o culto, o contato com a natureza e a adoração ao Criador (Revista Ultimado, jan-fev, 2003, p. 23).
 4. O que falar dos plantões e das emergências?
A vida de hoje é dinâmica, exige que tenhamos várias atividades ininterruptas, mas a própria Palavra tem orientações nesse sentido. Jesus disse que seria normal se uma ovelha caísse no buraco, em um dia de sábado, e o dono envidasse todos os esforços para tirá-la de (Mt 12.11). Os discípulos do Mestre tiveram fome num sábado e, ao passar pelos campos, colheram espigas de trigo, mas não foram recriminados por Ele (Lc 6.1-5). Nos dias de hoje, temos hospitais, serviços de eletricidade, água, telecomunicação, meteorologia, segurança (Polícias, Corpo de Bombeiro e Forças armadas) etc., que funcionam 24 horas por dia. As pessoas nascidas de novo, que trabalham nesses setores, estando de plantão devem trabalhar como os demais companheiros de trabalho; se os plantões forem sempre aos domingos, precisam escolher outro dia para o descanso, pois o princípio de ter um dia de descanso é o que é mais importante.

II - A Observância do Sábado Na História do Povo Hebreu

1-Empregados e até o gado deveriam descansar: Êx. 20.10;
2-Nenhum tipo de trabalho era feito neste dia: Êx 20.10; a comida era preparada na sexta;
3-Nenhum tipo de negócio era feito: Ne 10.31, Ne 13.15-17;
4-Nenhuma carga deveria ser carregada: Ne 13.19, Jr 17.21;
5- A colheita não poderia ser feita neste dia: Êx 34.21.
III - A Verdadeira Forma de Se Guardar o Sábado no Velho Testamento – Is 58.13-14: Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, ...”.
  Podemos fazer um breve aplicação, para os nossos dias, dessa orientação riquíssima que o Senhor dar para o Povo Hebreu, por meio do profeta Isaías:
1-Deleitando-se no Senhor. Fazer deste dia um dia especial de adoração, oração e louvor;
2- Abrir mão dos próprios prazeres. Este não é um dia de esportes, de estudos, mas um dia de agradar a Deus, em visitas evangelísticas ou a enfermos, por exemplo;
3- Fazer dele um dia de honra ao Senhor. Durante seis dias nós trabalhamos e despendemos nosso tempo com outras coisas, mas pelo menos um dia de nossa semana pertence exclusivamente ao Senhor, e deve ser separado para estarmos especialmente com Ele.
IV - Como Jesus Guardou o Primeiro Dia do Senhor
1- Jesus confortou Maria em Jo 20.13;
2- Jesus caminhou por sete milhas com dois discípulos em Lc 24.13;
3- Jesus mostrou o que diziam as escrituras aos discípulos no caminho de Emaús – Lc 24.24-31;
4- Jesus mandou recados para os outros discípulos em Mt 28.10;
5- Jesus teve uma conversa em particular com Pedro em Lc 24.34;
6- Jesus encontrou dez de seus discípulos e comeu com eles, como é narrado em Lc 24.36-45.
Estes são exemplos excelentes para seguirmos. Estes seis tópicos representam o cumprimento perfeito de Is 58:13-14.

V - O Contraste Entre o Sábado e o Dia do Senhor

1- O sábado é o sétimo, e o domingo é o primeiro dia da semana;
2- O sábado comemora o descanso de Deus após a criação do mundo, e o domingo comemora a ressurreição de Cristo;
3- No sétimo dia, Deus descansou. No primeiro dia, Jesus estava muito ocupado;
4- O sábado comemora a finalização da criação; o domingo comemora a finalização da obra de redenção;
5- O sábado era um dia de descanso sob obrigação da Lei; o domingo é um dia de adoração voluntária;
6- O sábado era para os judeus; o domingo é para a Igreja.

Conclusão

O fato de que não somos forçados a guardar um dia santo incentiva nossos corações a viver este dia e outros para adorar e trabalhar para Deus, intensamente, mesmo assim, nossos corpos continuam precisando de um dia para descanso.
Vivemos em uma constante tensão com os sistemas desse mundo e, como cristãos renascidos, devemos estar atentos para esses fatos. Ao abrimos mão da observância de um dia de descanso e reflexão no âmbito espiritual, podemos estar indo na enxurrada do poder secularizado, que vem banalizando o domingo como um dia qualquer e, com isso, nos afastando mais e mais dos princípios norteadores de uma vida física e espiritual saudáveis, com reflexos em todas as demais áreas de nossa vida e da própria Igreja, pois “um abismo chama outro abismo...” (Sl 42.7a).

Manoel Soares Cutrim Filho, Discípulo de Jesus em Caldas Novas -GO.
E-mail: cutrim@terra.com.br



[1] Gertrud Wasserzug, Ph. D., D. D., O Significado dos Dez Mandamentos Para Hoje, Obra Missionária Chamada da Meia Noite, Porto Alegre, RS-Brasil, p. 41.
[2] Ludgero Braga, Manual dos Catecúmenos, Casa Editora Presbiteriana, 3ª Edição, pp. 159/160.
[3] Paul Stevens, Disciplina Para Um Coração Faminto, Abba Press, 1ª edição 1993, p. 205
[4] Op. cit., Casa Editora Presbiteriana, 3ª Edição, p. 167/170.
[5] Op. cit., Abba Press, 1ª Edição 1993, pp. 204/204.

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