terça-feira, 22 de setembro de 2015

Irmão Yun, O Homem do Céu


Editora Betânia, 2005.
Foi o livro mais extraordinário, mais fantástico, que li nos últimos anos, juntamente com o livro: Apenas Uma Pequena Mulher, que trata da vida, na China, da missionária Britânica: Glads Aylwards. Estava com esse livro guardado há anos, mas só no ano passado que pude lê-lo. Sou muito grato a Deus por me dar oportunidade de tomar conhecimento desse conteúdo e me fortalecer a fé, nessa leitura. Por outro lado, me senti pequeno e mesquinho, diante de tanto sofrimento e pobreza que os irmãos na China passaram e ainda passam, pelo amor ao Evangelho de Jesus. Me surpreendo me vendo tão preocupado com o material, o futuro dos meus filhos, o que esse irmão não tinha como pensar nessas realidades, porque passou grande parte de sua vida na China, preso e torturado, por fidelidade ao Evangelho do Senhor Jesus Cristo.
Pretendo ir adicionando, ao longo do tempo, trechos do mesmo que me edificaram.
Registro parte da introdução deste livro feita pelo escritor do mesmo: Paul Hattaway.
    Em 2001, numa tarde quente de setembro, um pequeno grupo de cristãos reuniu-se no Aeroporto Internacional de Bangcoc para receber o Irmão Yun. Fazia mais de oito meses que não víamos seu rosto sorridente, pois ele havia sido preso em janeiro daquele ano. Nos primeiros dias na prisão, os guardas o espancaram tanto que quase o mataram. Depois disso saiu sua sentença - foi condenado a sete anos de prisão. De vez em quando seus amigos, espalhados por todo o mundo, recebiam uma mensagem vinda da cadeia. Uma delas dizia: "Deus me colocou neste lugar para testemu­nhar. Aqui há muita gente que precisa de Jesus. Vou ficar exatamente o tempo que ele determinou. Não vou sair nem um minuto antes nem ficar um minuto a mais. Quando ele decidir que meu ministério na prisão acabou, vou sair".
      Yun foi libertado milagrosamente, no tempo perfeito de Deus, depois de cumprir apenas sete meses e sete dias da sentença de sete anos.
     Agora estávamos no aeroporto, aguardando sua chegada. Será que viria doente, cansado e abatido, depois de uma provação tão terrível?
      De repente, Yun apareceu no portão de desembarque, muito diferente do que prevíramos. O rosto brilhava, e o sorriso ia de uma orelha a outra.
       "Louvado seja Deus! Aleluia!" foram suas primeiras palavras. "Glória a Deus!"
      Nós nos demos as mãos e curvamos a cabeça em oração de gratidão. Enquanto isso os demais passageiros passavam por nós apressadamente, rumo aos balcões do aeroporto, olhando-nos espantados.
      O Irmão Yun é conhecido em toda a China como o "Homem do Céu", por causa de um incidente ocorrido em 1984, quando se recusou a revelar às autoridades sua verdadeira identidade para não colocar em perigo outros cristãos. Diante das ameaças e da violência do Departamento de Segurança Pública, em vez de dizer seu nome e endereço, ele gritava:
      "Sou um homem do céu! Meu lar é o céu!"
      Os crentes, que ainda estavam reunidos em uma casa próxima, ouviram os gritos e perceberam que era um aviso. Fugiram e, por isso, escaparam da prisão.
Em sinal de respeito à coragem e ao amor de Yun pelo corpo de Cristo, os crentes da igreja doméstica da China o chamam até hoje de "Homem do Céu".
      Yun é o primeiro a reconhecer que há muita coisa nele que não tem nada de celestial! Como todos nós, enfrenta tentações e fraquezas, mas ele sabe que, sem a graça de Jesus, não tem nenhum valor. Uma vez, ele disse a Deling, sua esposa:
     "Não somos absolutamente nada. Não temos nada de que nos orgulhar. Não possuímos habilidades nem coisa alguma a oferecer a Deus. O fato de ele decidir nos usar decorre unicamente de sua graça. Não é mérito nosso. Não poderíamos nem pensar em nos queixar se ele resolvesse levantar outras pessoas para cumprir seus propósitos, sem nunca mais nos usar."
    Oswald Chambers escreveu: "Se você der a Deus o direito de controlar sua vida, ele fará de você um experimen­to santo. E os experimentos dele sempre dão certo". Com toda certeza isso se aplica ao Irmão Yun.
   O testemunho do Irmão Yun reflete a fidelidade e a bon­dade de Deus. Mostra que o Senhor pegou um garoto fa­minto de uma vila pobre da Província de Henan, na China, e o usou para abalar o mundo. E em vez de se fixar nos muitos milagres ou nos sofrimentos que presenciou e expe­rimentou, Yun prefere contemplar o caráter e a beleza de Jesus Cristo. Deseja que todo o mundo conheça Jesus como ele conhece, não como uma figura histórica e distante, mas como o Deus todo-poderoso, capaz de todas as coisas, sem­pre presente, cheio de amor.
Enquanto eu fazia pesquisas para este livro, entrevistei dezenas de crentes na China. Eram pessoas que tinham pre­senciado os eventos narrados aqui ou haviam constatado a veracidade deles. Intercalei em todo o livro pequenas contri­buições de Deling (esposa de Yun) e de alguns líderes da igreja doméstica da China. A maior parte das reflexões de Deling foi feita enquanto seu marido estava preso por amor ao evangelho.
Alguém disse:
    "Não são os grandes homens que transformam o mundo, mas sim os fracos, nas mãos de um grande Deus."
   Quem conhece o Irmão Yun sabe que ele é um servo humilde de Deus, que não deseja que nada em sua vida traga glória para si mesmo nem para qualquer outro ho­mem.
   O Irmão Yun deseja que sua história conduza toda aten­ção e toda glória para o único Homem do Céu - o Senhor Jesus Cristo.
Paul Hattaway
Fome Saciada
"Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome." (Is 49.1.)
Eu tinha 16 anos de idade quando o Senhor me chamou para segui-lo. Foi em 1974, e a Revolução Cultural ain­da assolava a China.
Meu pai estava doente. Sofria de um tipo grave de asma, que evoluiu para câncer de pulmão. A doença chegara ao estômago. O médico falou para ele que não havia cura e que morreria logo. E, para a minha mãe, disse:
"Não há esperança para o seu marido. Vá para casa e prepare-se para a morte dele."
Meu pai passava as noites prostrado na cama, mal podendo respirar. Como era muito supersticioso, pediu a uns vizinhos que fossem chamar um sacerdote taoísta para expulsar os demônios do corpo dele. Ele acreditava que a en­fermidade era um castigo dos demônios.
A doença dele consumiu tudo que tínhamos: dinheiro, bens e energia. Ficamos tão pobres que só pude ir à escola quando já tinha nove anos, e precisei deixá-la aos 16. Para sobrevivermos, eu e meus irmãos tínhamos de pedir comi­da aos vizinhos.
Meu pai fora capitão no exército nacionalista. Durante a Revolução Cultural, os outros habitantes da vila o odia­vam e o perseguiam, pois ele havia lutado contra os comu­nistas. Matara muitos homens nas batalhas, e quase morre­ra. Ele tinha doze cicatrizes de balas em uma das pernas.
Quando nasci, ele me deu o nome de "Zhenying", que significa "herói da tropa".
A reputação do meu pai era horrível. Os vizinhos o evi­tavam por causa de seu temperamento violento. Durante a Revolução Cultural, a Guarda Vermelha fez acusações con­tra ele. Em consequência disso, ele se submeteu a muitos interrogatórios e foi espancado várias vezes. Firmado em sua coragem, recusou-se a confessar os "crimes" e não res­pondia quando lhe perguntavam quantos homens havia matado. Muito teimoso, preferia apanhar até a morte a di­zer o que eles queriam ouvir.
... Ele sempre tentou proteger a esposa e os filhos das ameaças ex­ternas. De modo geral, tínhamos um relacionamento muito bom.
Esperávamos que ele recuperasse a saúde, mas ele foi piorando. Minha mãe enfrentava grande pressão diante da terrível possibilidade de criar cinco filhos sozinha. Ela não sabia o que aconteceria conosco se meu pai morresse. A situação era tão desesperadora que ela chegou a pensar em suicídio.
Certa noite, estava deitada em sua cama, meio dormin­do, meio acordada. De repente, ouviu uma voz muito cla­ra, carinhosa e compassiva lhe dizer: "Jesus ama você". Ajoelhou-se no chão e, em lágrimas, arrependeu-se dos peca­dos e dedicou outra vez sua vida ao Senhor Jesus Cristo. Como o filho pródigo, ela voltou para a casa de Deus.
Chamou imediatamente a família para orar a Jesus.
"Jesus é a única esperança para o papai", falou.
Contou o que tinha acontecido, e todos entregamos a vida a Deus. Depois, colocamos as mãos sobre nosso pai e passamos o resto da noite gritando uma oração bem sim­ples:
"Jesus, cura o papai! Jesus, cura o papai!"
Logo na manhã seguinte, meu pai percebeu que estava bem melhor! Pela primeira vez, em meses, sentiu vontade de comer. Em uma semana, estava totalmente recuperado, sem nenhum vestígio do câncer! Foi um verdadeiro mila­gre.
Com esse episódio, nossa família experimentou um avi­vamento, e nossa vida mudou de forma drástica. Foi um tempo de tanto poder que, até hoje, quase 30 anos depois que Jesus curou meu pai, todos os cinco filhos continuam seguindo a Deus.
Meus pais ficaram tão gratos pelo que o Senhor havia feito que imediatamente quiseram compartilhar as boas-novas com todos da vila. Naquela época, era proibido realizar reuniões em público, mas eles tiveram uma idéia para re­solver esse problema. Mandaram que fôssemos convidar pa­rentes e amigos para irem à nossa casa.
As pessoas chegaram sem saber por que haviam sido chamadas. Muitos deduziram que meu pai tinha morrido, de modo que foram vestidas para o enterro! Todos se es­pantaram ao vê-lo na porta, recebendo os visitantes, pare­cendo gozar de saúde perfeita. Quando todos chegaram, meus pais os convidaram a entrar. Trancaram a porta e cobriram as janelas. Então explicaram como ocorrera a cura por meio da oração a Jesus. Todos os presentes se ajoelha­ram no chão e, com alegria, aceitaram a Jesus como Salva­dor e Senhor.
Foi um tempo empolgante. Eu não apenas recebi Jesus como meu Salvador pessoal, mas também passei a desejar servi-lo de todo o meu coração.
Minha mãe não sabia ler nem escrever, e mesmo assim foi a primeira pregadora da nossa comunidade. Liderava uma pequena igreja em nossa casa. Não lembrava muitos versículos, mas sempre insistia conosco para fixarmos a atenção em Jesus. Clamávamos a ele, que nos ajudava em sua grande misericórdia. Lembro-me daqueles dias e fico espantado ao perceber como Deus usou minha mãe a des­peito de ela não saber ler. O coração dela estava totalmente entregue a Jesus. Alguns dos maiores líderes das igrejas do­mésticas da China hoje tiveram seu primeiro encontro com Deus através do ministério da minha mãe.
A princípio, eu não sabia exatamente quem era Jesus, mas tinha visto que ele curara meu pai e libertara minha família. Em confiança, entreguei-me ao Deus que curara meu pai e nos salvara. Perguntava frequentemente à mi­nha mãe quem era Jesus. Ela me dizia:
"É o Filho de Deus, que morreu por nós na cruz, levan­do todos os nossos pecados e doenças. Tudo que ele ensi­nou está escrito na Bíblia."
Perguntei se havia sobrado alguma dessas palavras de Jesus para eu ler. Ela respondeu:
"Não. Acabaram todas. Não sobrou nada dos ensina­mentos dele."
Isso aconteceu durante a Revolução Cultural, quando não havia Bíblias na China.
Desde o dia dessa conversa, passei a desejar intensamen­te possuir uma Bíblia. Perguntei à minha mãe e a alguns cristãos como era uma Bíblia, mas ninguém sabia. Uma pessoa havia visto porções dela copiadas à mão e folhas com hinos, mas ninguém vira uma inteira. Apenas os mais velhos se lembravam de terem visto, muitos anos antes, exemplares dela. A Palavra de Deus era algo raro naquela terra.
Eu sentia fome da Bíblia. Vendo meu desespero, minha mãe se lembrou de um homem já idoso que vivia em outra vila. Antes da Revolução Cultural, ele fora pastor.
Percorremos juntos o longo caminho que levava à casa dele. Assim que o encontramos, falamos o que desejáva­mos:
- Nós queremos ver uma Bíblia. O senhor tem uma?
Imediatamente ele se mostrou amedrontado. Havia pas­sado quase 20 anos preso por causa da fé. Reparou em mim e viu que eu era muito jovem, pobre, de roupas esfarrapa­das e pés descalços. Sentiu pena, mas nem assim atendeu o meu pedido.
Eu não o culpo por sua atitude. Naquela época, havia pouquíssimas Bíblias na China. Ninguém tinha permissão para ler outro livro além do pequeno livro vermelho de Mao. Se alguém o pegasse com uma Bíblia, ela seria queimada e ele e sua família, espancados com crueldade no meio da vila.
Aquele senhor idoso me disse apenas isto:
"A Bíblia é um livro celestial. Se você quiser uma, vai ter de orar ao Deus do céu. Só ele pode lhe dar uma. Deus é fiel. Sempre responde aos que o buscam de todo o cora­ção."
Acreditei totalmente nas palavras do pastor.
Enquanto voltávamos para casa, peguei uma pedra e a levei para o meu quarto. Toda noite me ajoelhava nela para orar. Era uma prece simples:
"Senhor, por favor, me dá uma Bíblia. Amém."
Eu ainda não sabia orar, mas continuei, por mais de um mês.
Não aconteceu nada. Não apareceu nenhuma Bíblia.
Voltei à casa do pastor; dessa vez, sozinho. Falei para ele:
- Orei a Deus, como o senhor disse, mas ainda não re­cebi a Bíblia que tanto quero. Por favor, por favor, mostre a sua para mim. Vou dar só uma olhadinha e pronto! Nem preciso tocar nela. O senhor segura, e eu vou ficar feliz só de olhar. Se o senhor deixar, eu copio algumas palavras e volto feliz para a minha casa.
Ele, percebendo a ansiedade do meu coração, me acon­selhou de novo:
- Se você está falando sério, então, além de se ajoelhar e orar ao Senhor, precisa incluir nisso o jejum e o pranto. Quanto mais você chorar, mais rápido vai conseguir sua Bíblia.
Desde esse dia, me recusava a comer de manhã e de tar­de. A noite, aceitava apenas uma pequena tigela de arroz cozido. Chorava como uma criança faminta, que clama ao Pai celestial para ser saciada pela Palavra. Nos cem dias que se seguiram, orei por uma Bíblia até não aguentar mais. Para os meus pais, eu estava enlouquecendo.
Olhando para o passado, eu diria que foi a experiência mais difícil que enfrentei.
Então, um dia, algo aconteceu. Às quatro horas da ma­drugada, depois de meses implorando a Deus em oração, recebi uma visão do Senhor enquanto estava ajoelhado ao lado da minha cama.
Na visão eu subia uma colina íngreme, tentando empur­rar um carrinho pesado. Ia para uma vila, onde pretendia pedir alimento para minha família. Minha luta era intensa, pois me encontrava faminto e fraco devido ao jejum cons­tante. O carrinho velho estava a ponto de rolar por cima de mim.
Nesse momento vi três homens descendo a colina na mi­nha direção. Um deles era velho, de ar bondoso, com uma longa barba. Ele empurrava um carrinho cheio de pães fres­cos. Os outros dois caminhavam, um de cada lado do car­ro. Ao me ver, o idoso sentiu muita pena e demonstrou com­paixão.
- Você está com fome? perguntou ele.
- Sim. Não tenho nada para comer. Estou indo arru­mar comida para minha família, respondi.
E eu chorei, pois minha família era extremamente po­bre. Por causa da doença do meu pai, havíamos vendido tudo de valor para comprar remédios. Tínhamos pouca coisa para comer e, durante vários anos, fomos obrigados a pe­dir ajuda aos amigos e vizinhos. Quando aquele homem me perguntou se eu estava com fome, só consegui chorar. E ele demonstrou amor e compaixão como eu nunca havia visto.
Ele pegou no carrinho um pacote vermelho contendo pão, e pediu que os outros dois, que eram seus servos, o entregassem para mim. Em seguida falou:
"Coma imediatamente."
Abri o embrulho e vi que o pão era fresco. Quando coloquei o pão doce na boca, imediatamente ele se transformou em uma Bíblia! Na visão, ajoelhei-me no mesmo instante, segurando minha Bíblia, e gritei ao Senhor para lhe agra­decer:
"Senhor, teu nome é digno de louvor! Não desprezaste minha oração. Permitiste que eu recebesse esta Bíblia. Que­ro te servir pelo resto da minha vida."
Logo acordei e passei a procurar a Bíblia pela casa. O resto da família ainda dormia. A visão havia sido tão real que, ao descobrir que fora apenas um sonho, fui tomado de uma angústia profunda e não controlei o choro. Meus pais vieram correndo do quarto para ver o que havia aconteci­do. Achavam que eu tinha enlouquecido depois de tanto jejum e oração. Contei a visão, mas, quanto mais eu falava, mais eles pensavam que eu estava doido! Minha mãe falou:
"O dia ainda não raiou, e ninguém veio aqui em casa. A porta está trancada."
Meu pai me segurou com força. E, com lágrimas nos olhos, clamou a Deus:
"Querido Senhor, tem misericórdia do meu filho. Por favor, não permitas que ele enlouqueça. Prefiro ficar doen­te de novo se isso evitar que ele fique doido. Por favor, dá uma Bíblia ao meu filho!"
Nós três nos ajoelhamos e choramos juntos, de braços dados.
De repente, ouvi uma batida fraca na porta. Uma voz muito gentil chamou meu nome. Corri até lá e, com a porta ainda trancada, perguntei:
- Você está trazendo pão para mim? A voz replicou:
- Sim, temos um banquete para você. Reconheci imediatamente a voz que ouvira na visão. Abri logo a porta e lá estavam, bem na minha frente, os dois servos que eu vira. Um deles carregava um pacote ver­melho. Meu coração disparou. Abri o embrulho e segurei a minha própria Bíblia!
Os dois partiram apressadamente, antes mesmo de o sol nascer.
Apertei a Bíblia contra o peito e caí de joelhos do lado de fora da casa. Não parava de agradecer a Deus! Prometi a Jesus que, daquele momento em diante, devoraria sua Pa­lavra como uma criança faminta.
Depois fiquei sabendo o nome dos dois homens. Um era o Irmão Wang e o outro, o Irmão Sung. Eles tinham vindo de uma vila distante. Falaram-me sobre um evangelista que eu não conhecia e que havia sofrido terrivelmente pelo Se­nhor durante a Revolução Cultural, quase morrendo por causa das torturas.
Cerca de três meses antes do dia em que recebi minha Bíblia, o evangelista tivera uma visão do Senhor. Ele viu um jovem, a quem deveria dar a Bíblia que havia escondi­do. Viu também nossa casa e a localização dela na vila.
Como muitos cristãos daquela época, ele colocara a Bí­blia em uma lata e a enterrara em um buraco bem fundo. Tinha a esperança de que chegasse o dia em que poderia desenterrá-la e voltar a lê-la. A despeito da visão, só alguns meses depois decidiu obedecer a Deus. Pediu a dois cris­tãos para me entregarem a Bíblia. Então eles caminharam a noite inteira até chegarem à minha casa.
Daquele momento em diante, passei a orar a Jesus com mais fé. Confiava de todo o coração que as palavras da Bíblia eram palavras que Deus dirigia a mim. Não me sepa­rava da minha Bíblia. Até quando dormia, eu a segurava sobre o peito. Passei de fato a devorar seus ensinamentos como uma criança faminta.
Foi o primeiro presente que recebi de Deus em resposta a uma oração. (Pg. 24/29)

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