quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POR QUE NÃO TÍTULOS?

Telmo Weber
Volta e meia somos perguntados por que nossos pastores não se agradam dos títulos de “reverendo”, “presbítero” ou mesmo “pastor” antes de seus nomes, e por que nós mesmos, como congregação, não temos um nome, uma denominação específica para “facilitar mais as coisas”. Respondamos por partes.

Quanto aos títulos antes dos nomes o que nos leva a não adotar esta atitude é a palavra forte de Jesus em Mateus 23.7-12: “...eles (os fariseus) amam o serem chamados de mestres pelos homens. Vós, porém, não sereis chamados mestres (nem guias, nem pais), porque um só é vosso Mestre e vós todos sois irmãos”.

Em nossos dias diríamos: há os que gostam e fazem questão de serem chamados de doutor, reverendo, padre, mestre, pastor. Isto lhes dá mais importância e certo status que, em quase todos os casos, só estimula sua vaidade. Não podemos esquecer que, quando a Bíblia se refere a pastor, mestre, apóstolo, profeta, evangelista está salientando as funções que eles exercem no corpo de Cristo. Ao referir-se a alguém com estas funções, diga simplesmente como Paulo: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus”, ou seja, ele está se chamando pelo próprio nome, identificando-se como apóstolo (enviado) de Cristo, salientando assim sua função para o corpo. Hoje podemos dizer assim: o irmão Ismael que é pastor na congregação tal. Ou, mais simplesmente, o Ismael.

“Vós todos sois irmãos”, disse Jesus, e é assim que podemos nos tratar desde que isto não se torne também um título honorífico que nos distancie (a propósito, veja Pedro chamando Paulo de “nosso amado irmão Paulo” em 2 Pe 3.15). Deus quer que sejamos íntimos uns dos outros. Quando temos intimidade com uma pessoa amada como a tratamos? Não é chamando-a pelo próprio nome? Paulinho, vem cá! Priscila, como vai? Já pensou chamar seu marido assim: Senhor Pereira, ou sua esposa, Dona Maria, pode me dizer as horas?

É verdade que, em alguns casos, fica-nos difícil tratar com intimidade alguém que não conhecemos bem, pois parece falta de respeito. Nestes casos, diga-se como já está convencionado na sociedade: Seu José, Dona Maria, Sr. Rodrigues, Sra. Mercedes.

Quanto a nomes ou denominações de igreja não usamos simplesmente porque Jesus não usou e isto nos basta. Em tudo devemos ser simples como Ele e nosso desejo é voltar àquela simplicidade que havia na igreja do Novo Testamento. Jesus chamou seu povo pelo nome que Ele próprio deu: Igreja. “Eu edificarei a minha igreja” (Mt 16.16).

A salada mista das mais diferentes e estranhas denominações cristãs está a atestar algo que muito deve entristecer o Espírito Santo: a nossa divisão, as nossas contendas, que em muitos casos vieram trazer nomes diferentes à amada Igreja do Senhor. Os católicos, a mais antiga denominação do cristianismo, passaram a chamar-se assim desde que se consideraram igreja mundial, universal (sentido da palavra católico). Os ortodoxos porque se separaram dos católicos no mundo oriental, os protestantes porque protestaram contra os erros dos católicos e eles próprios se dividiram muitas vezes entre si, geralmente por causa de ênfases doutrinárias de seus fundadores. Os luteranos acabaram recebendo o nome de seu próprio reformador Lutero, os batistas por causa de sua ênfase no batismo de adultos, os metodistas porque viviam uma vida cheia de regras ou métodos, os pentecostais pela ênfase no que aconteceu no dia de Pentecostes, e assim a lista foi aumentando até chegar às 257 ou mais diferentes denominações que temos hoje. Alguns argumentam que não há importância se temos uma denominação desde que não tenhamos o “espírito” da denominação. Sabemos que mesmo as comunidades ou congregações sem denominação podem ter também um espírito altivo que os separa dos demais. Mas preferimos não autodenominarmos por dois motivos: porque isto contribui para confundir o mundo (atestando nossa divisão) e, principalmente, porque Jesus não deu um nome à sua igreja. É suficiente para nós sermos Igreja, “o povo chamado para fora do mundo”. O que vemos no Novo Testamento é: a igreja em Éfeso, a igreja em Roma a igreja que se reúne na casa de fulano, as igrejas dos santos, as igrejas de Cristo em vários lugares.

Se alguém, pois, te fizer aquela pergunta tão comum: de que igreja você é, responda: daquela que Jesus comprou com seu sangue. Se ele insistir um pouco mais, diga-lhe onde nos reunimos dando nosso endereço. Assim você já estará dando um belo testemunho do que é ser discípulo de Jesus e ser verdadeira e simplesmente “igreja”.

Em resumo: Deus nos ajude a, com ou sem nome, “Preservarmos a unidade do Espírito no vínculo da paz” com todo e qualquer irmão que foi lavado no sangue de Jesus e é habitado pelo Seu Espírito, declarando que Jesus é seu Salvador e Senhor. Esta é a única base, a essência de nossa unidade. Havendo isto, temos mesmo é que dar-nos as mãos e proclamar ao mundo o evangelho do Rei e do Reino, que é a única mensagem que tem poder para transformar vidas e criar um só rebanho sob a direção do supremo Pastor.

Fonte:Igreja Em Porto Alegre

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