segunda-feira, 4 de junho de 2012

Patriotismo Econômico - A Parte Cidadã


Manoel Soares Cutrim Filho *

Educação financeira, burocracia, encargos financeiros elevados, câmbio sobrevalorizado, legislação trabalhista e fiscal complexas, encargos trabalhistas e fiscais elevados, corrupção, falta de infraestrutura em transporte e armazenamento, etc. Tudo isso nos leva ao que em economia é chamado de custo Brasil. Que torna os produtos nacionais menos competitivos em relação aos produtos estrangeiros, com ameaça de desindustrialização, matéria que está na ordem do dia. Esses assuntos, no momento, não são objeto do nosso artigo, deixaremos para que outros atores da nossa política e economia (Executivo, Legislativo, Judiciário, associações empresariais e de trabalhadores, universidades, etc.) cuidarem deles. O nosso foco é a parte cidadã: o que nós enquanto consumidores-cidadãos podemos fazer para que os produtos nacionais sejam consumidos aqui? O que podemos fazer como nacionais e moradores desta grade pátria chamada Brasil para que os nossos produtos e serviços sejam prestigiados por nós? E com isso contribuamos para o processo de industrialização e do aumento dos índices de emprego, colhendo os bons resultados que isso proporciona a qualquer nação quando bem governada.

Patriotismo clássico, amor à pátria, aos símbolos, à seleção brasileira de futebol, etc. é muito bom, mas o Patriotismo Econômico, este sim é uma questão de sobrevivência dos países! Por essa espécie de patriotismo, se assim podemos chamar, deviríamos antes de adquirir um bem ou um serviço conhecer a sua origem, sem xenofobia. Sejamos mais consequentes nessa onda de comprar coisas importadas. Também não me excluo como grande parte do consumidor brasileiro. Tomemos como exemplo as nações orientais que têm economias mais fortes: Japão, Coréia do Sul e China, elas despendem um esforço muito grande nas suas exportações, contudo, são bem restritivas nas suas importações. Faz bem refletirmos na frase do Nizan Guanaes, publicitário: "Pense no seu País. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo".

Alguns dizem: que o capital hoje é internacional. Acho isso interessante! Gostaria que o capital continuasse internacional e as 1.000 maiores empresas do mundo, por exemplo, tivessem a sua sede no Brasil e os seus sócios ou acionistas majoritários fossem brasileiros residentes no país. Pois, dessa forma estaria certo que boa parte dos lucros dessas empresas seriam tributados pelo Fisco nacional e os impostos recolhidos aos cofres públicos, o que em tese resultaria em benefício à coletividade brasileira. Certamente esses sócios consumiriam boa parte dos seus rendimentos em produtos e serviços no Brasil.

Nunca vi uma publicação acessível ao grande público dizendo quais são, pelo menos, as 500 maiores empresas genuinamente brasileiras. São poucas as que etiquetam em suas embalagens ou produtos com afirmações que demonstram ser genuinamente brasileira, nessas exceções fiquei muito contente com duas frases que li em embalagens de dois produtodiferentes, a primeira: “Produto Nacional. Gera Emprego e Arrecada Impostos Para o Nosso País!”. A segunda: “Indústria Brasileira. Nesta Você Pode Confiar. Parece que há certa vergonha de assim proceder. Penso que é um engano, pois o público poderia reagir, positivamente, ao adquirir produtos e serviços de empresas de capital nacional.

Assistimos aos filmes europeus e americanos, divulgando os seus produtos: roupas da alta costura, veículos, iates, aviões, serviços aéreos, perfumes, vinhos, refrigerantes, livros, brinquedos infantis, enfim, tudo que represente status. Não é a toa que vemos ‘closes maravilhosos’ nessas marcas e produtos. Em alguns casos temos produtos nacionais de boa qualidade que concorrem à altura com os produtos importados, mas faz bem para o nosso ‘ego colonizado’ importar produtos mesmo que alguns deles sejam verdadeiras "bugigangas"! Nos casos em que os produtos nacionais não estão à altura dos produtos importados, podemos fazer um “sacrificiozinho” e dar uma chance aos produtos nacionais, quem sabe, até manifestando a nossa opinião acerca do mesmo, junto à empresa produtora, visando o aperfeiçoamento.

Desconheço que na América do Norte tenha papagaio na sua fauna, mas foram os norte americanos que criaram o personagem do "Zé Carioca" e nós o compramos, quando lemos as suas revistas ou assistimos aos filmes com o mencionado personagem. O lado positivo é que, por outro lado, o personagem do Zé Carioca ajuda a divulgar o Brasil e o Rio de Janeiro. Já perceberam que a maioria dos personagens infantis (lobos, ursos, Branca de Neve, Rapunzel, etc.) que as nossas crianças lidam são importados? Será que isso já é um processo de colonização econômico cultural? Ou simplesmente devemos continuar surfando no mar globalizado sem muita preocupação com as consequências?

O princípio natural das relações econômicas com os outros países deveria ser: comprar deles o que não produzimos. Talvez uma elite inconsequente pode-se dar ao luxo de adquirir produtos requintados do exterior, sem se importar com a evasão das nossas divisas.

Temos centenas de representações diplomáticas no exterior, aí incluindo embaixadas, consulados, representações comerciais, etc., espalhadas em todos os continentes, que custam muito caro a sua manutenção, para o contribuinte brasileiro. Estas representações, estrategicamente espalhadas pelo mundo, se forem bem otimizadas, poderiam fomentar muito bem a venda dos nossos produtos e serviços. Nada ou pouco sabe o cidadão comum sobre a efetividade dessas representações no incremento do comércio do nosso país onde estão situtuadas.

Certa vez no exterior, ao entrar em uma loja, atententei-me para uma placa, assinada por uma central sindical, que dizia: compre produtos nacionais, pois só assim você está garantindo emprego dos nossos patrícios.

Sabemos que uma das formas de domínio de um país sobre outro, nos dias de hoje, é pelos meios culturais e econômicos. Temos recursos naturais abundantes, profissionais capazes, empresas competitivas e uma natureza sem igual no planeta. Falta maior divulgação dos nossos produtos, serviços e da beleza da nossa natureza no exterior. Bastante tem sido feito, mas precisamos redobrar os esforços para deixarmos de ser conhecidos somente como o país do futebol e do carnaval!

É hora de nos posicionarmos de forma prática e efetiva diante desse tema, com vistas a construirmos uma nação economicamente mais sólida, que gere emprego e renda, que nos ajude a sermos socialmente mais justos

Desejamos do fundo do coração que a nossa nação busque a dependência de Deus, do mais simples do povo aos que exercem mais autoridade, para que deixemos as nossas vidas e as estruturas estatais serem permeadas pela cultura judaico-cristã que é um legado do Ocidente. Possamos dizer para o mundo: Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR ...”  (Sl 33.12a)

* Manoel Soares Cutrim Filho, Graduado em Ciências Contábeis e em Direito  pela UNB, Auditor Federal de Controle Externo do TCU - aposentado, patriota e cristão. E-mail: cutrim@terra.com.br

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