sábado, 7 de julho de 2012

Convenção Mundial das Igrejas de Cristo


De 25 a 28 deste mês acontecerá a 18ª Convenção Mundial das Igrejas de Cristo, sendo que pela primeira vez no Brasil.

As igrejas de Cristo surgiram nos Estados Unidos no início do Século XIX, como um Movimento de Restauração da Igreja do Novo Testamento pregando que a igreja organizada, originalmente, era apenas a igreja local, conforme lemos em Rm 16.3, 5, 10, 14, 15; At 13.1; 1 Co 8.1;16.19. A verdadeira Igreja não se restringe às denominações, em nenhum de seus aspectos; portanto, as denominações são recursos humanos, perfeitamente dispensáveis.[1]

Os pioneiros desse movimento foram influenciados por vários movimentos do passado como os valdenses que tentaram restaurar aquela comunidade de servos uns dos outros, que se perdera na romanização da Igreja, por meio de uma vida simples e comunal, pregando aos pobres em sua própria língua, observando a prática da ceia, do batismo e a pregação pelos leigos.
Na Inglaterra, o João Wycliffe, da Universidade de Oxford, motivado pelo desejo de colocar a Palavra de Deus nas mãos do povo, teve a ousadia de traduzir o Novo Testamento para o inglês, em 1384.[2]

Os “lolardos”, liderados por João Wycliffe, que perambularam descalços pelo país, procurando restaurar a autoridade única e exclusiva das Escrituras na Igreja, além das teses de seu líder, defendiam que o povo deveria ter a Bíblia no vernáculo; que nãodistinção ente o clero e o laicato; o clero não deve ocupar cargos públicos; o celibato é contrário às Escrituras, produz imoralidade e que o culto às imagens e as orações em favor dos mortos são erros doutrinários. [3]

João Wesley, sacerdote anglicano na Inglaterra, no século XVIII, deu ênfase à restauração de uma vida em estreita comunhão com o Espírito Santo e à responsabilidade social da Igreja. [4]

A Igreja que Jesus estabeleceu por meio dos apóstolos era simples na organização e operosa na ação. É lógico supor que cada congregação local reunia-se em diversas casas particulares, como vemos em Romanos 16, devido à perseguição e à impossibilidade de se reunir em grandes edifícios. Um presbítero não era elevado acima dos outros nem tinha títulos especiais, embora os dons de Deus os capacitassem a servir em funções diferentes.

É lastimável dizer que o projeto de evangelizar o mundo por meio de uma Igreja unida, restaurada na base do Novo Testamento, ainda não se realizou. Discordâncias sobre o que restaurar e como restaurar, fraturaram a unidade dos irmãos. Homens, cujos pais tinham superado divergências tão grandes quanto as que distinguiam Campbell e Stone, dividiram-se amargamente sobre questões tais como o uso de instrumentos musicais, o uso de mais de um cálice na ceia do Senhor, a legitimidade da Escola Dominical e das sociedades missionárias e sobre o milênio. A determinação de uma doutrina correta passou a ser mais importante que o amor fraternal. [5]

Uma exortação, conforme afirma Thomas Fife: “Nossa tarefa como verdadeiros cristãos é a de fazer todo o possível para promover a unidade de todos os cristãos verdadeiros, fundamentada na Rocha Eterna que é Jesus Cristo, na qual Ele nos edificou como Sua Igreja. Vamos restaurar a doutrina dos apóstolos, a prática do amor fraternal, o fruto do Espírito Santo no mundo de expressão portuguesa, no início do século XXI, no mesmo espírito com que o fizeram James O’ Kelly em 1794, Barton Stone em 1804, Thomas Campbell em 1809, “Raccoon” John Smith e John T. Johnson em 1832, no espírito dos que afirmaram: “Temos liberdade para discordar, mas não para dividir”. [6]

Desejo do fundo do meu coração que esta convenção mundial contribua efetivamente para que os líderes e membros das Igrejas de Cristo no Brasil e de todos os países onde tiver herdeiros espirituais do Movimento de Restauração da Igreja do Novo Testamento possam se alegrar não com o grande evento que está por acontecer, mas, sobretudo que haja um profundo sentimento de humilhação diante de Deus durante esses dias, de serem verdadeiramente servos uns dos outros e possam viver o que viveram os pioneiros desse movimento, que se resume na frase: “Não reconhecemos qualquer classe especial de clérigos, mas praticamos o sacerdócio universal de todos os crentes, fazendo todos responsáveis pela propagação da boa mensagem e progresso do trabalho da Igreja” (Mt 23.8 e I Pe 2.9).

Que prossigam para o alvo supremo do Criador que é: de ter uma grande família de muitos filhos semelhantes a Jesus!

Sob a mesma esperança da gloriosa volta do Rei Jesus.

Manoel Soares Cutrim Filho, Igreja em Caldas Novas - GO.




[1] Este trabalho é baseado na Apostila: Igreja do Novo Testamento, Thomas W. Fife, 1991, p. 8.
[2] Op. cit., Fife, Thomas W., 1991, p. 11.
[3] Op. cit., Fife, Thomas W., 1991, p. 11.
[4] Op. cit., Fife, Thomas W., 1991, p. 12.
[5] Op. cit., Fife, Thomas W., 1991, p. 41.
[6] Op. cit., Fife, Thomas W., 1991, p. 49.

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