segunda-feira, 30 de julho de 2012

POR FAVOR, APENAS ME CHAME DE GERALD !

Gerald é o nome que meus pais me deram quando eu nasci. Este é um bom nome e eu gosto dele. Este nome tem me servido bem durante estes oitenta anos que tenho vivido e eu espero conservá-lo até a morte. Jamais tive um único pensamento de mudar meu nome por outro nome. Eu não seu porque meus pais me deram este nome. Certamente havia milhares de outros nomes que eles poderiam ter utilizado, mas por alguma razão eles escolheram Gerald. Possivelmente meus pais tivessem alguma afinidade com o nome Gerald ou conhecessem alguma pessoa importante com esse nome. Contudo isto aconteceu, e este é o meu nome.

Alguns nomes são populares, como o nome, Mary. Mary é o nome de minha esposa. Este é um nome popular porque as pessoas se lembram que a mãe de Jesus era chamada de Mary. Outros nomes são suspeitos, como Jezabel, a esposa de Acabe, um dos mais notáveis reis de Israel. Realmente, um nome é um nome. Ainda que um nome possa ter alguma conotação emocional ligada a ele, o nome em si mesmo não nem bom nem mau. Uma pessoa não é má simplesmente alguém fora anteriormente chamada por mesmo nome dela; tampouco uma pessoa boa pode ser uma má pessoa porque uma outra pessoa boa tenha vivido antes dela. Não é o nome que faz o homem, mas o homem que faz o nome. Um nome pode ter um legado. Todos nós somos contaminados com o espírito ego-centralizado, alguns mais, outros menos. Algumas pessoas têm obsseção por fazerum nomepara si mesmos, desejando serem lembradas nas páginas da história. Alguns nomes são lembrados positivamente devido às boas qualidades da pessoa e por causa da sua vida produtiva que tiveram, mas outras, negativamente por causa da vida destrutiva que viveram. Ter o nome “Gerald” não me faz nem bom nem mau, mas o que eu faço em minha vida para o benefício do mundo pode ter uma positiva influência sobre como as pessoas vão considerar o nome Gerald.

Neste ponto me ocorre outra idéia sobre o uso de nomes. Existem aqueles que não estão satisfeitos em terem apenas seu nome, mesmo que seja um bom nome. Há uma falsa noção de que a gente acrescentar um título ao nome, isso nos faria pessoas melhores, mais proeminentes, mais poderosas, ou mais reconhecidas. Existem aqueles que pensam que adicionar um título ao nome, pode trazer mais dignidade a esse nome e impõe mais respeito. Muitas pessoas com formação acadêmica usam o termoDoutor” (Dr.) ligado ao seu nome. Obviamente que escolaridade é uma coisa boa. Contudo, não é o nome ou seu título que faz o homem, mas o bom estilo de vida de uma pessoa é quevalor ao seu nome. Uma pessoa pode ter obtido muitos PhDs e ainda ser um vilão. Ou, seja homem ou mulher com um rosário de doutorados pode ser plenamente bem sucedido mesmo que não faça questão de usá-los como título. São as qualidades positivas da vida de uma pessoa que fazem a diferença, não seu título.

Eu não sei como as coisas andam em outras partes de mundo, mas tenho observado tanto nos Estados Unidos como no Brasil, uma crescente busca pelo uso de títulos nos círculos cristãos. Infelizmente, o uso de títulos inevitavelmente eleva o intitulado acima dos outros à sua volta. Isto viola o conceito bíblico do sacerdócio universal de todos os cristãos (veja 1 Pedro 2:9,10). Isto também dificulta manter a unidade do corpo pelo qual Cristo orou, conforme João 17. 

Paulo suplicou aos cristãos que vivessem em unidade de espírito. Aos Efésios ele escreveu: “Rogo-vos, pois eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa esperança da vossa , um batismo; um Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo” (Ef. 4:11-17).
Naturalmente existem várias tarefas que precisam ser feitas no corpo da igreja. Paulo reconheceu isto quando escreveu nos versos 11 a 13 do mesmo capítulo: colarEm Romanos 12:5 a 8 e em 1 Coríntios 12:1 a 30 Paulo também fala de como o corpo de Cristo deve funcionar harmonicamente enquanto cada membro contribui para a continuidade da vida e alcance.

Portanto, é ainda mais evidente que nenhum desses títulos usados para definir a função dos diversos membros da igreja é usado com título. Nehum! Alguns termos são: apóstolo, profeta, pastor, mestre, evangelista, presbítero e bispo. Onde quer que seja que estes termos eram usados com referência a pessoas, eles sempre eram escritos com letra minúscula. A designação aparecia depois do nome da pessoa para descrever o que a pessoa fazia; não antes do nome para indicar uma posição eclesial de autoridade. O termoapóstolo” é tomado do Grego, mas não foi traduzido e simplesmente significa “mensageiroouenviado”. Profeta significa “aquele que fala inspirado”, pastor é simplesmente “o que cuida do rebanho”, evangelista é “o que anuncia boas novas e bispo significa “supervisor”. A História fala de um lento desenvolvimento da Igreja Romana até a atual estrutura hierárquica clerical com sua tendência para o uso de títulos e vestes clericais. A Igreja do Novo Testamento não teve uma classe especial de clérigos. Durante a vida de Samuel o povo de Israel pediu um rei para que pudesse ter a mesma igualdade com as outras nações vizinhas. É isto que a Igreja no Brasil está buscando? Então, nós podemos ser iguais a Roma?

Pesquise o Novo Testamento. Nenhum dos personagens do Novo testamento que conhecemos tão bem aparece com um título. Até mesmo José, instruído pelo anjo, chamou o filho de Maria simplesmente de “Jesus”. É verdade, às vezes ele era chamado de “o Senhor”, ou “o Senhor Jesus”, ou, às vezes “Jesus Cristo”, mas na maioria das vezes ele é chamado de “Jesus”. Esse é o nome que lhe foi dado. “Jesus!” Que nome! É em seu nome que nós oramos, é em seu nome que nós expelimos os demônios, é em seu nome que todos nós iremos nos dobrar aos seus pés em gloriosa adoração e louvor. Jesus não precisou e não vai precisar de um título atrelado a seu nome. Por sua vida, morte e ressurreição e a promessa de sua volta, ele fez seu nome ser o que é, o nome que está acima de todo nome.

Tiago e João, André e Pedro, Paulo e Barnabé, Timóteo e Tito e todos os outros mencionados no Novo Testamento foram conhecidos e chamados pelos nomes que lhes foram dados. Eles não foram chamados “Presbítero Tiago”, “Pastor João”, “Papa Pedro”, “Bispo André” ouReverendo Tomé”. Paulo nunca se referiu a si mesmo por um título, “O Apóstolo Paulo”, mas ao invés disso, Paulo, apóstolo... O uso simples do nome que nos foi dado deve ser suficiente para todos nós.

Você se lembra quando Tiago e João, com a mãe deles, vieram a Jesus com um pedido especial? Vamos refrescar a memória. “Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos concedas o que te vimos pedir. Ele lhes perguntou: o que quereis que vos faça? Responderam-lhe: permite-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. Mas Jesus lhes disse: não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado? Disseram-lhe: Podemos. Tornou-lhes Jesus: Bebeis o cálice que eu bebo e recebereis o batismo com que eu sou batizado; quanto, porém, ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me compete concedê-lo; porque é para aqueles a quem está preparado. Ouvido isto, indignaram-se os se contra Tiago e João. Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores do povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não será assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” ( Mc. 10:35-44).

O que Jesus disse sobre os escribas e fariseu certamente aplica a muitos em nossa presente situação. Ele disse, “Tudo o que eles fazem é para ser visto pelos homens. Eles fazem suas filactérias largas e exibem longas vestes; eles amam os lugares de honra nos banquetes e os mais importantes assentos nas sinagogas; eles adoram ser cumprimentados nos mercados e que os homens os chamem de “RabiMas vocês não devem ser chamados de “Rabi”, pois você tem um Mestre e todos vocês são irmãos. E não chamem ninguém sobre a terra de “Pai”, pois vocês tem um Pai, e ele está nos céus. Nem devem vocês ser chamados de “mestres”, pois um é vosso Mestre, o Cristo. O maior entre vocês será o que vos serve. Pois todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado” (Mateus 23:5-12).

Que Deus continue me dando o privilégio de estar ativo no trabalho do Senhor. Eu sirvo como um dos presbíteros da nossa congregação como um administrador. Eu sou um pastor e eu ajudo no cuidado do nosso grupo de cristãos, eu ainda ensino e faço outras coisas também. Meu plano é continuar ativo por mais tempo enquanto eu puder servir de alguma forma. Fazendo assim, eu não sou o Bispo Gerald, não sou o Pastor Gerald, não sou o Profeta Gerald, e não sou o Apóstolo Gerald. Eu não preciso de um Título; Eu sou apenas o Gerald, este é o nome que recebi quando nasci. Eu gosto desse nome e esse nome é suficientemente bom para mim.

Então, por favor, apenas me chamem de Gerald! 

Este artigo foi escrito por Gerald Holmqist, missionário americano que trabalhou por mais de vinte anos no Brasil, organizando várias congregações no Estado de Goiás. Atualmente está aposentado e mora nos Estados Unidos, mas vez por outras está no Brasil, onde é muito querido por sua simplicidade, pelo trabalho realizado e por ser um verdadeiro Discípulo de Cristo. Este artigo teve a colaboração na tradução e adaptação do texto, do inglês para o português, pelo Irmão Iran Bernardes da Costa, Líder o Ministério Grão de Mostarda.


  

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