sábado, 20 de junho de 2015

Trabalho infantil: aberração ou necessidade?

15/06/2015
 às 11:23 \ EconomiaLegislação


Coluna
Rodrigo Constantino

Análise de liberal sem medo de polêmica

Procurei resumir o texto
No debate sobre como fazer frente à exploração do trabalho infantil, que ainda afeta 3,2 milhões de brasileiros entre 5 e 17 anos, a Justiça e o Ministério Público do Trabalho (MPT) se chocam com as Varas da Infância e Adolescência. O motivo da disputa é a frequente emissão de alvarás que autorizam menores de idade a executar atividades profissionais. Os juízes e promotores do Trabalho veem nesses documentos uma violação à Constituição Federal, ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e também à competência jurídica que lhes foi atribuída. Para os juízes das Varas da Infância e Adolescência, a concessão de autorizações para que menores sejam formalmente empregados, recebendo todos os direitos trabalhistas, pode ser um caminho dignificante ou mesmo a saída da miséria.
Duas irmãs limpam o vidro do carro para ganhar
um  trocado.
 Fonte: GLOBO

No Rio de Janeiro, o juiz Pedro Henrique Alves é o titular da 1ª Vara de Infância, Juventude e Idoso e, para não errar, prefere não arriscar o número de alvarás que concedeu a menores desde que assumiu o cargo, há cinco meses. Mas, ao opinar sobre esse tipo de autorização, defende a concessão dentro de limites:
— Acho o trabalho dignificante. É claro que aquelas formas de trabalho que são de alguma forma degradantes, que violem o direito da criança e do adolescente, devem ser combatidas, mas, se o trabalho não prejudica a integridade física, intelectual e moral, não prejudica o estudo, não consigo visualizar qualquer prejuízo.
Abaixo, um texto meu antigo sobre o assunto, para ajudar nas reflexões:
Trabalho infantil
Considero repugnante constatar a existência de trabalho infantil em pleno século XXI. Crianças deveriam ser livres para brincar, estudar, criar, enfim, viverem como crianças, sem as responsabilidades dos adultos. A vida já é dura demais, deixem-nas curtirem a fantasia que é ser uma criança mais inocente. O combate ao trabalho infantil deve ser sério, e ficar a cargo de quem realmente pode alterar esse quadro. Infelizmente, não é o que ocorre...
A lei mais básica do ser humano é o instinto de sobrevivência. O governo pode escrever o que quiser em pedaços de papel, mas não pode alterar essa realidade natural, assim como não pode ignorar a lei gravitacional. A proibição legal do trabalho infantil pode ser moralmente desejável, porém não será ela que irá de fato eliminar tal problema social...
...são os mais preparados economistas que devem cuidar do modelo econômico do país. E este será crucial para determinar a condição financeira da nação, que por sua vez pode afastar ou aproximar a dura realidade do trabalho infantil. Em resumo, não basta condenar a existência desse triste fato, mas sim apresentar soluções técnicas, e estas dependem da economia.
Quando o estado cresce demais, buscando solucionar todas as mazelas da humanidade, ele absorve como um buraco negro os recursos disponíveis. Governo não cria renda, apenas consome e distribui. ... Economia não é um jogo ... onde para um ganhar o outro precisa perder. Um país sem os grandes entraves burocráticos típicos do estado inchado e sem o peso dos impostos confiscatórios pode acumular muito mais capital, e apresentar ganhos de produtividade expressivos, onde menos trabalho irá gerar mais resultado. Esse é o caminho econômico para se combater a fome e, por tabela, o trabalho infantil.
Países desenvolvidos, que se aproximaram mais dessa receita capitalista, não enfrentam hoje esses graves problemas de mão de obra semi-escrava ou infantil. No outro extremo, nações miseráveis que foram vítimas de governos interventores e totalitários apresentam elevadas taxas de trabalho infantil. Não adianta criar leis vetando isso, nem pregar códigos de ética bonitos no papel. As forças naturais serão mais fortes, e o uso da mão de obra infantil irá ocorrer de qualquer maneira, mesmo que na ilegalidade. Basta observar em Cuba a quantidade de meninas que se tornam prostitutas, algumas vezes em troca de nada mais que um prato de comida. Se não houver riqueza disponível, possível apenas através do acúmulo de capital viável num ambiente de livre mercado e pouco governo, o trabalho infantil poderá assumir um caráter ainda mais nefasto. A experiência das nações socialistas comprova isso.
Normalmente, os ferrenhos combatentes do trabalho infantil ... São pessoas bem-intencionadas, que ficam chocadas com a realidade dessa gente. Esquecem que enquanto o homem lutava para sobreviver na natureza, crianças ajudavam, participavam.
Um exemplo evidente disso é quando os leigos condenam as multinacionais que contratam pessoas de países pobres por salários irrisórios, ou mesmo crianças. A ignorância aliada à boa intenção cria a ilusão de que essas empresas deveriam simplesmente pagar mais, e não usar mão de obra infantil... essas pessoas não se perguntam o que aconteceria com esses trabalhadores caso a multinacional simplesmente abandonasse o lugar. Aquele sujeito que ganhava pouco agora passa a ganhar nada.
... A solução para isso, ... para o trabalho infantil, não está, definitivamente, no poder de fiscalização do governo, nem nas boas intenções dos leigos românticos, mas sim no enriquecimento da nação, possível somente com menor intervenção estatal.
O que o leitor prefere: um menino ajudando os pais em algum trabalho honesto, mantendo os estudos, ou ocioso e seduzido pelo crime? ... Não seria melhor, dentro das realidades, que a garotada estivesse ocupada em algo produtivo e honesto depois da escola?
Não custa lembrar que gente como Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, começou a trabalhar com apenas 9 anos. Era outra época, outra realidade, sem dúvida. Mas aquela experiência fez bem, não mal, ao pequeno garoto. Inúmeros outros casos assim existem..
Repito: ninguém pode ficar satisfeito com o trabalho infantil em pleno século XXI. Mas devemos debater de forma séria e madura os melhores métodos para erradicá-lo, sem romantismo ou hipocrisia. Claro que ninguém vai defender ou justificar um garoto de 7 anos em condições desumanas numa carvoaria, por exemplo. Não é disso que se trata. E sim de compreender que há casos em que algum trabalho decente, honesto, pode representar a melhor alternativa disponível...

Rodrigo Constantino
Obs.: O que está em vermelho foi selecionado pelo autor deste blog

Fonte: 

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